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Rastreabilidade de Medicamentos – Um raio X do Guia SNCM (Parte 4)

04/01/2018, por Rodrigo Klein

Em nossa última parte do Raio X do Guia SNCM (Sistema Nacional de Controle de Medicamentos) vamos abordar as principais funcionalidades dos Webservices que serão disponibilizados pela ANVISA. Os Webservices são a interface entre os participantes da cadeia e a ANVISA e são responsáveis por receber e disponibilizar as informações do SNCM.

Caso você não tenha lido os últimos posts, recomendo que leia antes de continar.

Um raio X do Guia SNCM – Parte 1

Um raio X do Guia SNCM – Parte 2

Um raio X do Guia SNCM – Parte 3

TECNOLOGIA

Em suas definições tecnológicas, a ANVISA optou pela utilização do protocolo SOAP como forma de comunicação entre ela e o setor farmacêutico. O protocolo SOAP é uma tecnologia conhecida e de fácil implementação, possui suporte nas principais linguagens de programação disponíveis no mercado e vasta disponibilidade de profissionais que entendem do assunto.

Imagino que a escolha do SOAP é mais um indício que nos leva a acreditar que a ANVISA está trilhando os passos da implementação da Nota Fiscal Eletrônica. Isso não é bom e não é ruim, já que a Nota Fiscal Eletrônica é reconhecidamente um caso de sucesso Brasileiro que bem sabemos que funciona.

Uma reconhecida desvantagem do SOAP é sua intensa utilização de banda de comunicação para a transmissão de informações. Toda informação dentro de um XML necessariamente depende da criação de uma TAG que deve ser aberta e fechada, causando assim uma repetição desnecessária de informações.

 

SÍNCRONO x ASSÍNCRONO

Uma característica do SNCM é o processamento assíncrono de informações de eventos. Isso na prática significa que o SNCM não irá disponibilizar o resultado do processamento das informações de eventos no momento do recebimento. O XML será armazenado, processado em uma fila e o remetente do evento deverá permanecer consultando o resultado para saber o resultado do processamento e se existem pendências.

Não sabemos ainda quanto tempo em média irá demorar esse processamento, isso depende da capacidade da infraestrutura montada pela Anvisa para atender esse processo.

As demais operações que no geral são de consultas não seguem a regras da recepção de eventos e respondem de forma síncrona no momento da chamada do serviço.

 

Um aspecto importante do documento disponibilizado pela Anvisa é a ausência de regras de negócios mais claras. Isso é natural tendo em vista que ainda é um documento novo e além do mais devemos lembrar que o processo de rastreabilidade vai amadurecer nos próximos anos, principalmente após a adoção em massa. Não devemos ter expectativas de que um teste piloto nessa proporção seja capaz de forçar a descoberta de regras de negócios complexas em um período tão curto. Esse teste servirá sim para que a ANVISA tenha noção do tamanho do sistema e possa planejar sua arquitetura.

Já pude participar e colaborar em dois pilotos de Rastreabilidade de Medicamentos no Brasil. O primeiro que foi em 2009 sob a organização do Instituto ETCO e um segundo em 2014 sob a organização das Entidades do setor. O que posso afirmar com certeza é que temos ainda um caminho muito longo a trilhar e por mais que existam pontos a serem identificados na cadeia, é na operação do dia-a-dia que estão os maiores gargalos. É certo afirmar que atualmente não existem desafios tecnológicos para que a Rastreabilidade funcione, temos ferramentas para desenvolver sistemas complexos com Big Data, Cloud Computing para processar montanhas de dados, equipamentos de linha de produção já disponíveis no mercado mas acredite que os desafios são mesmo operacionais.

Encerro aqui essa série de posts iniciais sobre o Guia SNCM e espero que você aproveite as informações!

Um abraço.