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Rastreabilidade de Medicamentos – Um raio X do Guia SNCM (Parte 3)

21/12/2017, por Rodrigo Klein

Nos Ćŗltimos dias, vocĆŖ pode acompanhar os dois primeiros posts sobre a recente publicaĆ§Ć£o do Guia do Sistema Nacional de Controle de Medicamentos. Falamos na Parte 1 sobre os Atores identificados no Guia e na Parte 2 sobre os requisitos tecnolĆ³gicos para que seja implantada a Rastreabilidade de Medicamentos.

Neste post vamos falar das Regras de NegĆ³cios que serĆ£o aplicadas a cada um dos participantes e como cada uma delas pode impactar o dia-a-dia das operaƧƵes.

Em nosso Mapa Mental, separamos as regras de negĆ³cio de acordo com cada um dos atores identificados e vamos explicar de maneira geral como essas regras sĆ£o aplicadas aos participantes das operaƧƵes na cadeia.

Regras de NegĆ³cio

CRIAƇƃO DO IUM

O primeiro processo Ć© a CRIAƇƃO DO IUM de acordo com as regras preconizadas pela ANVISA. Entenda como criaĆ§Ć£o do IUM, a operaĆ§Ć£o de codificar os dados resultantes da combinaĆ§Ć£o do GTIN, Lote, Validade, Serial e Registro do Medicamento no MinistĆ©rio da SaĆŗde e disponibilizar para a impressĆ£o na linha de produĆ§Ć£o. No processo de criaĆ§Ć£o do IUM, nĆ£o existirĆ” nenhuma comunicaĆ§Ć£o prĆ©via com a ANVISA. Essa comunicaĆ§Ć£o acontecerĆ” depois apenas no momento da ATIVAƇƃO.

Apesar de nĆ£o existir uma menĆ§Ć£o ao padrĆ£o da GS1 neste trecho do documento, por uma questĆ£o de compatibilidade com o mercado global, a criaĆ§Ć£o do IUM deverĆ” seguir os padrƵes estabelecidos por ela no que diz respeito Ć s regras para a geraĆ§Ć£o da serializaĆ§Ć£o. Essas regras devem ser baseadas no que a GS1 chama de SGTIN (Serial + GTIN) , que estabelece que um mesmo serial pode se repetir desde que em produtos com GTINs diferentes. Isso quer dizer que se vocĆŖ utilizar o serial 001 na apresentaĆ§Ć£o A, nĆ£o pode utilizĆ”-lo nessa mesma apresentaĆ§Ć£o mesmo que a combinaĆ§Ć£o com os outros dados (Lote, Validade e Numero MS) seja diferente.

Isso Ć© muito importante para que vocĆŖ possa se utilizar de sistemas existentes que jĆ” entendem o padrĆ£o da GS1 nativamente. Nesse tipo de sistema, geralmente a chave do produto se dĆ” pela combinaĆ§Ć£o de Serial + GTIN e nĆ£o pelo conceito de IUM da ANVISA que remete Ć  utilizaĆ§Ć£o de todo o conjunto como identificador Ćŗnico do medicamento.

ReforƧo aqui que utilizar de SGTIN nĆ£o interfere no atendimento da Norma da ANVISA e pode trazer muitas vantagens principalmente pelo alinhamento com o mercado farmacĆŖutico global.

ATIVAƇƃO

No processo de ATIVAƇƃO existe a necessidade de se comunicar com a ANVISA para que o sistema do SNCM reconheƧa a existĆŖncia do medicamento. Segundo o GUIA, esse processo de ativaĆ§Ć£o pode acontecer a qualquer momento antes da expediĆ§Ć£o do medicamento. Um detalhe muito importante Ć© que apesar da flexibilidade, nĆ£o julgamos conveniente que isso seja feito pouco antes da expediĆ§Ć£o pelo simples motivo de que a ANVISA nĆ£o tem a obrigaĆ§Ć£o de fazer o processamento na hora do recebimento da mensagem de ativaĆ§Ć£o. Este serviƧo Ć© assĆ­ncrono e nĆ£o existe hoje um tempo limite regulamentado para que a Anvisa responda ao processamento dos eventos.

O evento de ATIVAƇƃO deve ser aplicado tanto para medicamentos fabricados no paĆ­s como para medicamentos importados. No caso de medicamentos importados este evento pode ser enviado tambĆ©m a qualquer tempo entre a nacionalizaĆ§Ć£o e a expediĆ§Ć£o.

EXPEDIƇƃO

A ExpediĆ§Ć£o Ć© certamente em conjunto com o RECEBIMENTO, o evento mais importante da rastreabilidade de medicamentos e Ć© onde temos a maior quantidade de informaƧƵes que interessam Ć  ANVISA.
O evento de expediĆ§Ć£o deve ser comunicado Ć  ANVISA sempre que um conjunto de medicamentos tem o que chamamos de troca de custĆ³dia. Isso quer dizer que sempre que um IUM Ć© objeto de uma operaĆ§Ć£o entre custodiadores, essa transaĆ§Ć£o deve ser informada. Um detalhe importante Ć© que o guia Ć© claro com relaĆ§Ć£o a troca de custĆ³dia tanto entre empresas diferentes quanto com relaĆ§Ć£o a estabelecimentos diferentes dentro da mesma empresa. Isso na prĆ”tica quer dizer que qualquer troca de custĆ³dia entre FĆ”brica e Centro de DistribuiĆ§Ć£o ou mesmo entre matriz e filiais de uma rede de farmĆ”cias deve ser informada ao SNCM.

RECEBIMENTO

Excluindo as operaƧƵes de dispensaĆ§Ć£o, o Recebimento Ć© a operaĆ§Ć£o esperada na sequĆŖncia para toda operaĆ§Ć£o de expediĆ§Ć£o. NĆ£o existe ainda por parte da ANVISA nenhuma regra com relaĆ§Ć£o ao prazo mĆ”ximo para que aconteƧa o recebimento apĆ³s a operaĆ§Ć£o de expediĆ§Ć£o.

FINALIZAƇƃO

Acredito que a finalizaĆ§Ć£o Ć© onde mais existem regras e as mais complicadas estĆ£o nos dispensadores de medicamentos.

As operaƧƵes de FinalizaĆ§Ć£o por Descarte, FinalizaĆ§Ć£o para ExportaĆ§Ć£o, FinalizaĆ§Ć£o por Avaria, FinalizaĆ§Ć£o por Desaparecimento, FinalizaĆ§Ć£o por roubo e FinalizaĆ§Ć£o por confisco sĆ£o comuns a qualquer ator presente na cadeia. JĆ” no dispensador de medicamentos somam-se as operaƧƵes de FinalizaĆ§Ć£o por DispensaĆ§Ć£o e FinalizaĆ§Ć£o em caso de deslacre (Display ou embalagens mĆŗltiplas).
Em termos de finalizaĆ§Ć£o, nĆ£o encontramos ainda no Guia a DispensaĆ§Ć£o que ocorre na fĆ”brica, quando o Detentor do Registro destina medicamentos a funcionĆ”rios. Inclusive, na pĆ”gina 28 do Guia temos a mensagem abaixo:

ā€œATENƇƃO: o detentor de registro nĆ£o pode finalizar com os cĆ³digos de dispensaĆ§Ć£o e deslacre (ā€œrsnā€ iguais a ā€œ30ā€ e ā€œ31ā€):ā€

Como ainda nĆ£o fizemos uma avaliaĆ§Ć£o de todas as finalizaƧƵes, pode ser que exista essa previsĆ£o em algum lugar e falaremos disso em prĆ³ximos posts.

SUBSTITUIƇƃO

Como o prĆ³prio nome jĆ” diz, substituiĆ§Ć£o Ć© o ato de solicitar que um evento jĆ” enviado ao SNCM seja substituĆ­do por outro. Isso pode acontecer em diversas ocasiƵes por erro de processo que podem refletir no SNCM. Um exemplo Ć© um erro no momento de uma expediĆ§Ć£o com o envio de uma agregaĆ§Ć£o enviada com um IET diferente do que foi enviado fisicamente.

REVOGAƇƃO

A revogaĆ§Ć£o serve para anular um evento jĆ” enviado para o SNCM e nesse caso o SNCM irĆ” desconsiderar o evento e os resultados relacionados. Deixamos aqui uma observaĆ§Ć£o quanto a revogaĆ§Ć£o tardia de um evento, que pode ter impacto em eventos subsequentes e por consequĆŖncia impactar na integridade da informaĆ§Ć£o.

Em breve vamos nos aprofundar nos eventos de finalizaĆ§Ć£o e concluir nosso Raio-X com a avaliaĆ§Ć£o dos webservices.

NĆ£o deixe de acompanhar os prĆ³ximos posts.

Um abraƧo